Você pensa em criar um negócio próprio, mas não sabe por onde começar? Pois elaborar um plano de negócios deve ser o primeiro passo de qualquer empreendimento.
Criar um plano de negócios é essencial para a abertura de empresas de qualquer porte para mitigar riscos, aproveitar melhor as oportunidades e aumentar as chances de sucesso.
Isso porque com o plano de negócios, o empreendedor pode identificar e corrigir seus erros no papel no lugar de cometê-los quando a empresa estiver em funcionamento.
Mas, infelizmente, a tradição do brasileiro é dar pouca importância para o planejamento e privilegiar a atuação empírica e improvisada. Por isso, a taxa de sobrevivência dos pequenos negócios nos primeiros anos é baixa.
O objetivo desse artigo é explicar o que é um plano de negócios, quais informações ele deve conter e como você pode criar o seu para transformar suas ideias em um negócio viável.
O que é um Plano de Negócios
O plano de negócios é a ferramenta mais tradicional e consolidada no mercado para se avaliar a viabilidade e planejar um negócio.
Ele apresenta um panorama completo da empresa para atender às necessidades de informações de vários públicos diferentes: investidores, incubadoras, bancos, sócios, franqueados, fornecedores, clientes, empregados e, principalmente, do próprio empreendedor.
A elaboração de um plano de negócios exige pesquisas e análises sobre o ramo de atuação, gestão, o mercado consumidor, o mercado fornecedor, a concorrência, os produtos e serviços, marketing, finanças, legislação e vários outras áreas de administração de empresas.
Não existem regras rígidas para as informações que um plano de negócios deve conter. Mas, em linhas gerais, ele é composto pelas seguintes seções: sumário executivo, o empreendimento, plano de marketing, plano operacional, plano financeiro e análise estratégica.
Sumário executivo
O sumário executivo é um resumo do plano de negócios. Nele, o empreendedor deve apresentar as principais características da empresa e os principais fatores externos que afetam o negócio.
Embora seja a primeira parte do plano de negócios, só deve ser elaborada após sua conclusão por se tratar de uma consolidação das principais informações levantadas e analisadas.
Nessa parte, deve ser apresentado o negócio, as competências dos gestores, os produtos, o mercado potencial, os elementos de diferenciação, a previsão de vendas, a rentabilidade, as projeções financeiras e as necessidades de financiamento.
O empreendimento
Aqui devem ser apresentados os dados gerais da empresa, como será feita a gestão, a estrutura legal, a infraestrutura e os referenciais estratégicos.
A natureza jurídica da empresa, que é a maneira como ela será tratada pela lei, também deve ser tratada aqui. As sociedades limitadas são as mais comuns, mas existem outras possibilidades como microempreendedor individual, empresário individual, empresa individual de responsabilidade limitada, sociedade anônima, entre outras.
Também deve ser apontada a localização da empresa e as justificativas para a escolha desse local. E, por fim, os referenciais estratégicos, que direcionam de forma permanente as tomadas de decisões de qualquer empresa, ou seja, a definição da visão, da missão e dos valores da empresa.
Plano de marketing
O plano de marketing identifica as oportunidades de negócios mais promissoras para a empresa e esboça como penetrar nos mercados. Além disso, serve para levantar os desejos do público-alvo e desenvolver uma oferta de valor por meio do mix de marketing.
Existem vários formatos de plano de marketing, mas quase todos apresentam as seguintes informações:
- análise de mercado;
- estratégia de marketing: mix de marketing, serviços ao cliente (venda e pós-venda) e relacionamento com os clientes;
- controle.
Na análise de mercado, são identificadas as características dos clientes, dos concorrentes e dos fornecedores.
Com relação ao mix de marketing, deve ser analisada a composição dos quatro elementos que devem ser gerenciados pelas empresas para satisfazer as necessidades dos clientes e gerar retorno financeiro (os quatro P de marketing): produto (o que vender), preço (quanto cobrar), promoção (como promover) e ponto (como distribuir).
A análise do mercado também dá subsídios para a empresa tomar decisões ligadas à diferenciação, ao posicionamento e à segmentação da empresa.
Por fim, considerando as estratégias de marketing definidas, deve ser feita uma projeção das vendas.
Plano operacional
No plano operacional é importante definir o arranjo físico, a capacidade de produção, os processos operacionais e a mão-de-obra.
No arranjo físico deve-se considerar a localização de cada setor da empresa e a distribuição das pessoas que irão trabalhar nesse espaço. Essa organização está diretamente relacionada à produtividade, redução de desperdícios e eficiência na comunicação.
Já nos processos operacionais deverão ser distribuídas as atividades a serem exercidas, os profissionais responsáveis, os materiais necessários e as tarefas administrativas.
Com relação aos insumos, deve-se verificar sua disponibilidade, custos e qualidade.
Também deve-se levantar a disponibilidade de mão-de-obra qualificada na região, os processos de recrutamento e seleção e a necessidade de eventuais treinamentos de especialização.
Por fim, é necessário definir a capacidade inicial de produção e a capacidade inicial comercial, deve-se analisar eventuais estratégias de expansão. Deve-se evitar ociosidade e considerar eventuais efeitos sazonais.
Plano financeiro
Á última etapa do plano de negócios é o plano financeiro. Nele, deve constar investimento inicial, projeção dos resultados e análise de investimento.
O investimento inicial das empresas é dividido em despesas pré-operacionais, investimentos fixos e capital de giro inicial.
A projeção dos resultados é comumente feita, usando-se o Demonstrativo do Resultado do Exercício (DRE). Nesse demonstrativo são apresentados os elementos que representam as receitas, as despesas e o resultado de um determinado período.
As receitas devem ser estimadas considerando o preço a ser praticado e a quantidade de vendas a ser realizada. Nessa análise, deve-se considerar o mercado, a capacidade produtiva, as estratégias de marketing e os efeitos da sazonalidade.
Por último, no plano financeiro deve ser feita também análise do investimento, ou seja, determinar se a empresa é financeiramente viável ou não. Os índices econômicos mais utilizados nesse tipo de análise são: VPL (valor presente líquido), IL (índice de lucratividade), TIR (taxa interna de retorno) e payback.
As projeções financeiras devem indicar se o investimento a ser feito na empresa terá um retorno pretendido e, portanto, se a empresa será economicamente viável.
Análise estratégica
Na análise estratégica são mapeadas as prováveis evoluções do ambiente para buscar antecipar oportunidades e ameaças. Nesse sentido, são apresentados os cenários, a matriz SWOT, a competitividade e os fatores críticos de sucesso.
Desenvolver cenários significa analisar o ambiente geral, identificando descontinuidades do presente que apontam para um futuro diferente e que impactam os negócios.
A matriz SWOT é uma importante ferramenta para apresentação dos pontos mais relevantes do ambiente que impactam na empresa. Isso porque, através dela, identifica-se os pontos fortes (strenght) e fracos (weakness), as oportunidades (opportunity) e ameaças (threaten).
Os pontos fortes e fracos são fatores internos da empresa e, pelos quais, ela possui relativo poder de gerência. Por outro lado, as ameaças e oportunidades são fatores externos, sobre os quais a empresa não possui nenhuma gerência.
Os fatores críticos de sucesso são aqueles pontos da empresa que merecem atenção especial para que a empresa aumente sua competitividade e alcance seus objetivos.
Em resumo, é possível perceber que criar um plano de negócios permite ao empreendedor mergulhar de forma profunda no negócio, diminuindo os riscos, ordenando as ideias, avaliando a viabilidade e dando subsídios para suas decisões e para a gestão da empresa.
E isso colabora para a criação de um negócio mais consistente e com mais chances de sucesso.
Recomendamos também a leitura de nosso artigo sobre o Canvas, que é outra ferramenta bastante usada por quem está pensando em criar seu próprio negócio.