Gestão estratégica é um termo muito utilizado, mas na prática, você sabe o que essas duas palavrinhas significam e o que a sua aplicação pode fazer pelo dia a dia do seu negócio?
Imagine o segmento da sua empresa há 30 anos atrás. Quanta diferença para os dias de hoje, não é? E há 10 anos atrás? Apesar do intervalo ser menor, certamente a realidade de mercado uma década atrás era completamente diferente de hoje. E da mesma forma, do ano passado para cá vimos o mundo literalmente virar de pernas para o ar.
Uma rápida reflexão como essa, nos faz pensar que as mudanças do mundo e como isso afeta o cenário empresarial, estão cada vez mais aceleradas. Nesse sentido, os acontecimentos tecnológicos, sociais, políticos ou econômicos, todos eles dinamizam o ambiente da empresa e provocam os gestores a serem cada vez mais atentos e ágeis para conduzir a empresa.
E é aí que entra a importância da gestão estratégica. Afinal, por trás de um processo estruturado de gestão estratégica está a necessidade da empresa lidar com os efeitos destas mudanças, cada vez mais comuns nos dias atuais.
Vamos compreender melhor o que é gestão estratégica e o como ela é aplicada, na prática?
O que é Gestão Estratégica?
Gestão estratégica significa administrar todos os recursos de uma empresa (recursos humanos, financeiros e produtivos), de forma otimizada, para alcançar as metas e objetivos delimitados no planejamento estratégico.
Na prática, ela pode ser entendida como um guia que define e orienta sobre qual caminho deve ser seguido, para que a empresa chegue onde se deseja.
Assim, ela ajuda a definir o posicionamento correto da empresa no mercado a partir das suas vantagens competitivas principais, fazendo-a se destacar o ocupar cada vez mais espaço, de forma sustentável; e, ao mesmo tempo, orienta a empresa na adaptação à mudanças, mas sem que ela perca a sua essência, preservando a cultura que a torna única.
Quais são os fundamentos da Gestão Estratégica?
Uma empresa, orientada por uma gestão estratégica, caracteriza-se por alguns aspectos fundamentais que norteiam o comportamento da gestão.
Visão Sistêmica
Compreender a empresa como um todo, onde todas as áreas estão interligadas na busca de um objetivo comum é um dos primeiros fundamentos da gestão estratégica.
Imagine o seu negócio como uma engrenagem de um motor de carro, por exemplo. Há uma infinidade de peças que estão finamente conectadas para fazer o carro andar. Em um deslocamento simples, todas as peças desse motor são acionadas e juntas, fazem a travessia de um ponto a outro ser possível.
Assim é na empresa. Ou seja, ter uma visão sistêmica do negócio implica em analisar a relação que os departamentos possuem entre si, em como eles interagem, compreendendo a importância de cada uma das partes para o todo.
Isso significa dizer que a implementação da gestão estratégica não é uma atividade da alta gerência, como alguns podem supor. Na verdade, ela envolve o dia a dia de todos que fazem parte da organização.
Visão de Futuro
Outro fundamento da gestão estratégica é a visão de futuro. Começo esse artigo falando de mudanças justamente porque uma empresa que não olha para a frente, que não considera os cenários e as transformações do mundo, não consegue estar preparada para lidar com tais mudanças.
A gestão estratégica tem essa dupla perspectiva temporal que significa concentrar-se no agora durante a implementação do plano de ações, inclusive para monitorar tais atividades, mas também mirar no horizonte. A estratégia é formulada sempre com base em como alcançar os objetivos delimitados, como chegar no resultado esperado.
Isso significa ter a perspectiva de curto prazo, assim como a de longo prazo, ou, em outras palavras, significa responder a esses dois questionamentos:
- Onde você, empreendedor espera estar com sua empresa daqui há 5 ou 10 anos?
- E o que você está fazendo hoje para alcançar isso?
Esforço Contínuo
Além disso, deve-se perceber a gestão estratégica não como uma ação isolada, mas um esforço contínuo. Ela altera a forma como os gestores orientam as suas tomadas de decisão, mas também o dia a dia de todos na empresa.
Um empresa que escolhe a melhor forma de realizar suas atividades rotineiras, a partir de uma orientação estratégica, consegue economizar tempo e recursos, além de elevar o padrão e a qualidade de suas entregas.
E, porque também faz parte do processo avaliações contínuas, faz parte desta mentalidade a percepção de que nunca se está completamente pronto, que não existe processo final, que sempre se pode melhorar. A cada objetivo alcançado, novos e mais desafiadores virão.
Vantagens da Gestão Estratégica
Toda empresa, de uma forma ou de outra, é gerida, mas nem toda gestão é feita estrategicamente.
Administrar uma organização, seguindo os fundamentos da gestão estratégica que acabamos de ver, pode trazer inúmeras vantagens para o negócio, tais como:
- traz para os gestores e também para os liderados um senso de clareza e discernimento. Eles não se sentem perdidos em um barco à deriva, sem saber qual direção tomar. Afinal, tudo foi pensado previamente e está sendo monitorado constantemente. Ou seja, as pessoas têm mais tranquilidade para trabalhar e exercer a sua atividade porque está tudo sob controle.
- além disso, a equipe se sente mais alinhada. Todas as pessoas estão remando o barco na mesma direção, os objetivos são comuns ao negócio como um todo, e não uma competição entre departamentos.
- os problemas que a empresa encontra são solucionados com respostas estratégicas ágeis, primeiro porque são identificados rapidamente, já que tudo está sendo monitorado. E depois porque os gestores têm à mão as informações necessárias sobre o seu negócio, mas também sobre o ambiente competitivo, para orientar a sua tomada de decisão, trazendo mais assertividade ao processo.
- isso tudo traz foco para a empresa. Ideias que não estejam alinhadas com os objetivos estratégicos previamente definidos são rapidamente descartadas. Como resultado, economia de tempo e de recursos, uma vez que a empresa pode concentrar seus esforços naquilo que trará o resultado pretendido, sem se dispersar.
- outro resultado é o crescimento constante. A cada resultado conquistado, novas metas são estabelecidas, sempre levando em consideração o cenário existente. A empresa, deste modo, adquire senso de urgência e conta com a motivação constante para perseguir cada vez mais resultados mais desafiadores.
- e até as novas contratações são favorecidas. A clareza que falamos anteriormente também passa pela identificação exata das lacunas que precisam ser preenchidas, para minimizar as fraquezas da empresa e ajudá-la a chegar onde se deseja.
- No fim de tudo, a melhora de posição da empresa no competitivo mercado flui, como consequência direta de uma gestão estratégica eficiente. Recursos otimizados com riscos minimizados.
E como começar um processo de gestão estratégica?
Agora que você já entendeu exatamente o que é a gestão estratégica e os benefícios que a sua implantação podem trazer para o seu negócio, o passo seguinte é começar a colocar tudo isso em prática. Para que você saiba como fazer isso, preparamos um roteiro.
1. Missão e Visão de Futuro
Tudo começa com definição da missão organizacional e da visão de futuro. A missão deve refletir qual a razão de ser da empresa. O que é exatamente esse negócio? O que a empresa faz, por que faz isso e para quem? Já a visão tem a ver com o que gestor deseja que ele se torne. Onde se quer chegar? Ao lado de missão e visão de futuro, sempre estão os valores, que expressam quais são as crenças, as atitudes, a filosofia que norteia aquela organização para que ela chegue onde ela deseja.
2. Análise do Cenário
Em seguida, é feita o diagnóstico da situação da empresa, que consiste em uma análise do ambiente buscando as ameaças externas à sobrevivência do negócio, bem como quais são as oportunidades existentes que poderão ser exploradas. Quando pensamos em análise ambiental devemos considerar sempre sob duas perspectivas:
- análise do macroambiente: que corresponde às variáveis externas que estão alheias à organização, como fatores políticos, econômicos e até aspectos naturais que podem afetar a empresa. Por exemplo: uma grande desvalorização do real em relação ao dólar de uma empresa de serviços que precisa de softwares pagos em dólar para realizar as suas atividades é uma variável do macroambiente que impacta a empresa diretamente.
- análise do microambiente: já o microambiente são os aspectos externos que têm relação direta com a organização, ou seja, fornecedores, clientes e os próprios concorrentes, que estão competindo no mesmo mercado. Imagine, por exemplo, que um grande concorrente seu fechou as portas. Essa pode ser uma excelente oportunidade para você ampliar a sua participação, conquistando parte dos clientes que deixarão de ser atendidos por esta empresa.
Além do ambiente externo, convém olhar para dentro de casa, para identificar quais são as forças e fraquezas da empresa. Forças viram vantagens competitivas, da mesma forma que as fraquezas podem ser percebidas como desvantagens no cenário de grande concorrência que as empresas enfrentam.
A grande diferença das forças e fraquezas em relação às ameaças e oportunidades do ambiente externo é que as duas primeiras, como dizem respeito à empresa diretamente, podem ser controladas.
Ferramentas de gestão são fundamentais para auxiliar o trabalho nesta etapa. Algumas merecem destaque, tais como:
As cinco forças de Porter
Ao analisar como as forças externas atuam sobre uma empresa, mostram o quão competitivo é aquele mercado.
Análise SWOT
A Análise SWOT ajuda a mapear quais são os fatores que limitam e que impulsionam a chegar no local que você deseja, através de uma matriz que considera as forças e fraquezas da empresa, ao lado das oportunidades e ameaças do ambiente externo.
3. Posicionamento Estratégico
O posicionamento estratégico é a forma como cada organização vai se sobressair em relação aos seus concorrentes e conquistar o coração e a mente dos consumidores. Uma vez feita a análise do tópico anterior, fica mais fácil perceber qual é a posição estratégica mais vantajosa para a empresa ocupar, onde suas principais competências serão melhor aproveitadas para o alcance dos objetivos.
As estratégias operacionais são consequências dessa escolha de posicionamento. Se sua empresa atua no segmento de marketing digital para pequenas confeiteiras, por exemplo, a sua comunicação, o canal de venda e o preço dos seus serviços precisa ser condizente com este posicionamento.
4. Planejamento e definição de metas e objetivos
Conhecendo o ambiente e com a missão da empresa e a visão de futuro como norteadores, através do planejamento são definidas as metas específicas que se deseja conquistar.
As metas são os objetivos, ou seja, o que se deseja alcançar, de uma forma quantificável. Se o objetivo da sua empresa é ser líder de mercado, por exemplo, uma possível meta para esse objetivo poderia ser aumentar a participação no mercado em 10% até o final do ano.
Nesse sentido, a metodologia SMART, criada George Doran, é uma ótima ferramenta para ajudar na definição das metas. SMART corresponde ao acrônimo com as principais características que uma boa meta deve ter:
- ser específica
- mensurável
- atingível
- relevante
- temporal
5. Plano de Ação
Em seguida, traçamos as ações que serão necessárias para alcançar tais metas e então partimos para a etapa da implantação deste plano.
Ao formular o seu plano de ação, leve em consideração que um bom plano de ação deve incluir:
- objetivos específicos e mensuráveis
- descrição das atividades que serão executadas
- cronograma de execução
- orçamento dividido por projeto e de acordo com as etapas do cronograma
- quem é responsável pela a implementação de cada uma das ações propostas
- e, finalmente, como elas serão acompanhadas.
A ferramenta 5W2H é excelente para ajudar a detalhar as ações constantes no plano, pois sugere que, para cada ação sugerida, sejam respondidas as sete perguntas básicas:
- O que será feito?
- Por que?
- Por quem?
- Quando?
- Como?
- Quando?
- Quanto irá custar?
Esse plano corresponde a nada mais que a estruturação do dia a dia da empresa, ou seja, realizar as atividades que foram pensadas previamente para atingir os objetivos estratégicos.
6. Monitoramento
E, para garantir que as coisas estão seguindo conforme o previsto, precisamos monitorar continuamente o processo. Apenas planejar e executar pode não ser suficiente para o sucesso do seu negócio. E sabe o por quê? Muitas vezes as coisas não ocorrem como o planejado e acaba existindo uma considerável diferença entre o previsto e o que foi realizado.
E então, é aí que entram os Indicadores de desempenho, os famosos KPIs, que servem para mensurar o que está sendo feito e, desta forma, mostrar para a gestão os resultados das ações implementadas. Acompanhar o processo durante o seu desenvolvimento, através de dados concretos, traz inúmeros benefícios, tais como:
- simplifica e traz mais assertividade à tomada de decisão, já que os gestores podem se basear em números objetivos
- o acompanhamento contínuo permite corrigir rapidamente a rota, quando necessário
- permite comparar os resultados da sua empresa com os seus concorrentes.
Além disso, é importante destacar que esse controle deve ser feito continuamente e, com o tempo, você poderá começar a identificar padrões específicos do seu negócio e também da indústria a qual sua empresa faz parte.
Como você pode observar, trata-se de um processo estruturado em etapas, como um passo a passo a ser seguido continuamente.
E qual o papel do líder na gestão estratégica?
A gestão estratégica, para funcionar, precisa da participação ativa da liderança. É a pessoa que ocupa o papel de decisor da empresa quem é responsável por definir a missão e visão do futuro, acompanhar as definições de metas e compreender profundamente o plano tático de ações a ser implementado.
Além disso, ele precisará coordenar o processo, garantindo o cumprimento das metas e dos prazos, acompanhar os KPIs durante a execução e sugerir ajustes, sempre que necessário.
Líderes envolvidos costumam estar acompanhados de equipes motivadas, e o envolvimento de todas as pessoas é uma das premissas para que a sua empresa alcance o sucesso desejado.
Se você quiser por em prática tudo isso imediatamente, recomendamos a leitura do artigo que fizemos explicando as diferenças existentes entre o planejamento estratégico, tático e operacional, e como você pode usá-los a favor do crescimento do seu negócio.